Na Jornada Mundial da Juventude não é fácil ser verde

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Oct 08, 2023

Na Jornada Mundial da Juventude não é fácil ser verde

Desde que a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa foi anunciada em 2019, os organizadores disseram que querem fazer do seu encontro a edição mais verde da Jornada Mundial da Juventude de sempre. Reivindicar para a Jornada Mundial da Juventude o espírito de

Desde que a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa foi anunciada em 2019, os organizadores disseram que querem fazer do seu encontro a edição mais verde da Jornada Mundial da Juventude de sempre.

Reivindicando para a Jornada Mundial da Juventude o espírito da Laudato si', o presidente da fundação JMJ Lisboa – futuro Cardeal Américo Aguiar – insistiu em temas verdes na maioria das suas entrevistas.

Os organizadores tomaram muitas medidas que esperam que sejam boas para o planeta.

Reduziram o uso de papel, evitando a distribuição de qualquer material impresso aos peregrinos, colocando tudo no aplicativo, que foi projetado para funcionar offline.

Todos os peregrinos ou participantes inscritos recebem garrafas de água recarregáveis, para evitar o esmagamento das garrafas de plástico descartáveis.

Os recipientes utilizados para as refeições serão feitos de um único material, para facilitar a sua reciclagem.

Os peregrinos poderão escolher os alimentos que levam consigo e o que deixar para trás, para evitar o desperdício alimentar.

Em toda a Jornada Mundial da Juventude, as informações sobre reciclagem são publicadas com destaque, uma vez que os códigos de cores dos recipientes para reciclagem não são universais, ao que parece - e os americanos não estão realmente habituados a separar a sua reciclagem em categorias diferentes.

Os planejadores também fizeram esforços para garantir que os materiais de construção do local fossem ecologicamente corretos, e foi lançada uma campanha que já viu plantadas mais de 8.000 árvores.

Pedro Madureira, membro da equipe responsável pela realização dos eventos da JMJ, disse ao The Pillar que essas medidas são mais do que uma fachada. Os planos verdes têm sido uma preocupação da Jornada Mundial da Juventude desde o primeiro dia, mesmo na sede, disse ele.

“Acho que não compramos nada para os escritórios. Tudo foi doado ou recondicionado. Não há talheres ou pratos descartáveis, trazemos tudo de casa, para evitar desperdícios, ou lavamos nós mesmos”, explicou Madureira.

“Nunca fui o tipo de pessoa que se preocupava muito com a reciclagem, por exemplo, mas acho bom que tenhamos essa preocupação e isso me afetou pessoalmente. Vou adotar algumas dessas práticas no meu dia a dia depois da JMJ”, acrescentou o homem de 37 anos, pai de três filhos.

Teresa Nazareth, que acolherá peregrinos em Lisboa e está envolvida na Economia de Francesco – uma iniciativa lançada pelo Papa Francisco para repensar a economia global – acredita que “é importante mostrar ao Papa que estamos com ele nesta luta. E é importante que a Igreja apoie a questão da sustentabilidade, que nos afecta a todos, mesmo que por vezes possa parecer distante, ideológica ou partidária. Cuidar da nossa casa comum não é um problema para um grupo ou outro, e o Papa fez bem em colocar este tema incômodo sobre a mesa”.

Outros também foram inspirados.

Antes de viajarem para Lisboa, os peregrinos do arquipélago português dos Açores reuniram-se recentemente na ilha do Pico, onde escalaram a montanha mais alta de Portugal, e pernoitaram.

O bispo local fez a escalada assustadora com eles e celebrou a missa ao nascer do sol na cratera do vulcão no topo.

Todos os participantes assinaram um pacto, comprometendo-se “a cuidar da casa comum”.

Mas nem todos estão convencidos.

Alguns dizem que acham irritante a insistência na sustentabilidade. E houve críticas generalizadas — e algumas zombarias — quando foi revelado que a aplicação oficial inclui uma calculadora da pegada de carbono, para que os peregrinos possam ver o quanto a sua participação está a contribuir para o aquecimento global.

Se tiverem curiosidade, uma delegação das Ilhas Marianas do Norte, na Micronésia — que teve de apanhar quatro voos para chegar a Lisboa — contabiliza cerca de 6.500 toneladas métricas de CO2 cada.

Um guia dos peregrinos, que ainda não foi lançado, fornecerá sugestões sobre como os participantes podem compensar a sua pegada de carbono, com ideias que vão desde a plantação de árvores até ao corte de carne.

“Nunca gostei de ver a Igreja acompanhando a última moda moralizante, como medir as pegadas de carbono e não comer carne. Penso que cuidar da casa comum é mais do que tentar transformar todos nós em aspirantes a Greta”, disse Pedro Pereira dos Santos, advogado que ajudará a cuidar dos peregrinos durante o evento.